Justiça torna réu empresário acusado de matar gari em BH
Esposa do acusado, delegada da Polícia Civil, teve processo desmembrado

Em decisão desta segunda-feira (15/9), a Justiça de
Minas Gerais tornou réu o empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, acusado de
matar o gari Laudemir de Souza Fernandes em 11/8 de 2025, em Belo Horizonte. A
decisão é da juíza sumariante do 1º Tribunal do Júri da Comarca de Belo
Horizonte, Ana Carolina Rauen Lopes de Souza.
Com a aceitação da denúncia, o empresário passa da
condição de denunciado para a de réu. Somente agora a fase judicial do processo
tem início.
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) havia denunciado o homem por homicídio triplamente qualificado, porte ilegal de arma de fogo, ameaça (contra a motorista do caminhão) e fraude processual (por tentar trocar a arma do crime). A denúncia aponta que o homicídio ocorreu por motivo fútil, empregou recurso que dificultou a defesa da vítima e se deu em via pública, o que poderia resultar em perigo comum.
A juíza Ana Carolina Rauen Souza manteve a prisão
preventiva de Renê Júnior confirmando que existem indícios de materialidade e
autoria e fundamentos que justificam a prisão, como a gravidade da conduta e o
risco à ordem pública, caso ele fosse solto.
A magistrada ainda acolheu o pedido do MPMG e
determinou o desmembramento do processo em relação à investigada Ana Paula
Lamego Balbino Nogueira, delegada da Polícia Civil e esposa do réu. Ela havia
sido indiciada pela prática dos crimes de porte ilegal de arma de fogo, na
modalidade ceder/emprestar e por prevaricação.
Como determinou a juíza Ana Carolina Rauen, a cópia
integral do processo da delegada será remetida para uma das Varas Criminais de
Belo Horizonte, competente para processar e julgar crimes comuns. As infrações
imputadas a ela preveem penas mínimas que não ultrapassam quatro anos,
cometidas sem violência ou grave ameaça, o que, em tese, viabiliza proposta de
Acordo de Não Persecução Penal.
Denúncia
A denúncia contra o empresário Renê Júnior narra que,
no dia do crime, o empresário saiu de casa no bairro Vila da Serra, em Nova
Lima (MG), com destino ao seu local de trabalho, em Betim (MG), com uma pistola
semiautomática, calibre .38, marca "Glock", dentro do carro.
Ao atingir o cruzamento das ruas Modestino de Souza e
Jequitibá, no bairro Vista Alegre, na região Oeste da Capital, o homem se
irritou com a retenção do trânsito local devido à coleta de lixo urbano que se
realizava naquele momento.
Mesmo com a indicação dos trabalhadores da coleta de
lixo de que era possível seguir o trajeto e passar com o carro pelo local, o
denunciado, exaltado, apontou a arma em direção à motorista do caminhão de
limpeza urbana e a ameaçou.
Ainda segundo a denúncia, inconformado com a lentidão
do trânsito e "evidenciando o seu notório desprezo pelos
trabalhadores", o denunciado fez um disparo que atingiu o gari Laudemir na
região abdominal.
A vítima chegou a ser socorrida, mas deu entrada no
atendimento médico já sem vida. O empresário foi localizado e preso horas
depois do crime em uma academia da região Oeste de BH.
De acordo com o MPMG, o denunciado pediu à esposa,
delegada de polícia, que entregasse outra arma, não usada no crime, de modo a
induzir em erro a perícia oficial.
Fonte - TJMG – Unidade Fórum Lafayette