Carmense publica poema em que apresenta relações de amor e ódio à sua terra natal

Regionais | Policiais

14 Novembro, 2013

0

Carmense publica poema em que apresenta relações de amor e ódio à sua terra natal


Alan Oliveira Guimarães, 27 anos, natural de Carmo do Paranaíba e residente na cidade de Patos de Minas, publicou nesta quinta-feira, 14 de novembro, um poema no qual ele apresenta com bastante veemência suas relações de amor e ódio à terra natal. Alan hoje é servidor da Prefeitura de Patos de Minas e trabalha no SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

De acordo com o autor, a inspiração para a criação do poema foram suas relações de afetos e desafetos na cidade de Carmo do Paranaíba no tempo em que por lá trabalhou como comunicador e também como servidor público. O texto foi lido na íntegra no Programa Bote a Boca no Trombone da emissora de rádio carmense Planeta 710 AM. As linhas poéticas foram tema de abertura do programa, apresentado por César di Aguiar e Fábio Amaral, que é um campeão de audiência na cidade.

Usando de um estilo rebuscado e desconcertante, o autor abordou aspectos de convivência, frustrações, vitórias, economia, política, dentre outros. De acordo com o autor, o texto faz parte de uma obra maior e será alterado para compor uma parte inicial de um livro, no qual pretende desvendar fatos inusitados da história e atualidade da cidade em vários segmentos.

Segundo informações colhidas junto a pessoas que o conhecem, Alan ficou bastante conhecido em Carmo do Paranaíba pelo fato de na função de redator e jornalista ter se tornado um grande gerador de polêmicas, principalmente pela sua forma imparcial de relatar fatos políticos e econômicos, aliada à sua forma excêntrica de ser. Abaixo, a peça literária publicada.

 

A NOSTALGIA DE UM CARMENSE AUSENTE

 

A nostalgia paira dentro de mim

Por isso tirei um tempo para lembrar-me do sim

Sim, eu dei sim a tudo aquilo, mas disse não ao antigo lar

Aquela terra maldita que me enforca ao me abençoar

 

Diria hoje: meu domicílio tem novo nome

Não ocupo ainda, porém, uma posição de muito renome

Ainda escrevo, sem saber ao certo se isso possui um valor

Desmerecido por tantos e aplaudido por outros, continuo ainda sem o meu almejado pudor

 

Ó terra querida, Carmo do Paranaíba, lugar do meu rei

De ti nunca e jamais me esquecerei

Junto a vós, terra ingrata, aprendi tudo que sei

Aprenderei mais; você me ensinou e podou tudo aquilo que um dia imaginei

 

Onde estou agora não é muito diferente

Convivo com outras pessoas nem tanto divergentes

Tenho a sensação de melhor estada

Vivo na sociedade patense que da carmense parece bem convergente

 

Lembro-me daquele cobiçado grão, aquele café que emana na plantação

Nossa maior riqueza, pilar e fonte de renda da maioria pobreza

Meio de vida, embora, da minoria nobreza

Falta de ti, ó pequeno grão, avalizador da esdrúxula realeza e do império Leitão

 

Da plantação ao barracão, ainda soam os sinos daquele antigo talhão

De cada tanto, cada um pega o seu quinhão e colocam lá naquele velho e rico porão

Daquela casa, chamada associação, onde tendem a nos roubar cada suado tostão

O dono da terra não é certamente o larápio, foi ele quem construiu seu império relicário

 

O capitalista deixarei de lado, afinal de contas ele também já foi operário

Suou muito e surpreso fico quando patrocina o larápio

Aquele que mora naquele quadrado, chamado de chefe do subalterno proletário

Capitalista ou larápio, pouco importa, o que vale mesmo é o domínio mercenário

 

Gente humilde e de mente meio confusa

Desmamam bezerros, mas engordam as carapuças

Máscaras de uma máquina carnavalesca prometedora de sedas

Épicas utopias de um povo credor de que um dia secaram as malditas tetas

 

Fico triste agora, quando me lembro do lutador trabalhador chamado peão

Será que sua honestidade compensa no meio de tanta ostentação?

Sei que seu trabalho valora, a cada dia, pois dele sai o sustendo dos meninos e da senhora

Só não engulo ele ser chamado de fétido e os ladrões receberem medalhas de honra ao mérito

 

Méritos todos possuem, não com a mesma valia

Uns os tem na surdina, outras na cantarola vazia

Quem tem mesmo o valor?  Aquele que sua ou o que soa?

Só sei que tenho visto aplaudidos apenas os que estão de boa

 

Não vou mais me delongar, sua mente já se cansa de tanto me escutar

Sei que não sou culto, muito menos possuo pudor

Só manifesto aqui a repercussão de uma grande dor

Um dia hei de voltar, não sei se para ficar, porém prometo nunca mais brigar

 

Agradeço a todos que me ouviram de coração, a eles farei minha diária oração

Um dia contribuirei com essa terra; e, se Deus me permitir, conseguirei subir essa serra

Carmo, a ti agradeço por tudo que sou, afinal ainda sei retribuir nossas mães

Com lágrimas no rosto, quem vos falou foi o já esquecido Alan Guimarães...

Vanderlei Gontijo

vanderlei@patos1.com.br




COMENTÁRIOS DESABILITADO(0)