Carmense publica poema em que apresenta relações de amor e ódio à sua terra natal

Alan Oliveira Guimarães, 27 anos, natural de Carmo do Paranaíba e residente na cidade de Patos de Minas, publicou nesta quinta-feira, 14 de novembro, um poema no qual ele apresenta com bastante veemência suas relações de amor e ódio à terra natal. Alan hoje é servidor da Prefeitura de Patos de Minas e trabalha no SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
De acordo com o autor, a inspiração para a criação do poema foram suas relações de afetos e desafetos na cidade de Carmo do Paranaíba no tempo em que por lá trabalhou como comunicador e também como servidor público. O texto foi lido na íntegra no Programa Bote a Boca no Trombone da emissora de rádio carmense Planeta 710 AM. As linhas poéticas foram tema de abertura do programa, apresentado por César di Aguiar e Fábio Amaral, que é um campeão de audiência na cidade.
Usando de um estilo rebuscado e desconcertante, o autor abordou aspectos de convivência, frustrações, vitórias, economia, política, dentre outros. De acordo com o autor, o texto faz parte de uma obra maior e será alterado para compor uma parte inicial de um livro, no qual pretende desvendar fatos inusitados da história e atualidade da cidade em vários segmentos.
Segundo informações colhidas junto a pessoas que o conhecem, Alan ficou bastante conhecido em Carmo do Paranaíba pelo fato de na função de redator e jornalista ter se tornado um grande gerador de polêmicas, principalmente pela sua forma imparcial de relatar fatos políticos e econômicos, aliada à sua forma excêntrica de ser. Abaixo, a peça literária publicada.
A NOSTALGIA DE UM CARMENSE AUSENTE
A nostalgia paira dentro de mim
Por isso tirei um tempo para lembrar-me do sim
Sim, eu dei sim a tudo aquilo, mas disse não ao antigo lar
Aquela terra maldita que me enforca ao me abençoar
Diria hoje: meu domicílio tem novo nome
Não ocupo ainda, porém, uma posição de muito renome
Ainda escrevo, sem saber ao certo se isso possui um valor
Desmerecido por tantos e aplaudido por outros, continuo ainda sem o meu almejado pudor
Ó terra querida, Carmo do Paranaíba, lugar do meu rei
De ti nunca e jamais me esquecerei
Junto a vós, terra ingrata, aprendi tudo que sei
Aprenderei mais; você me ensinou e podou tudo aquilo que um dia imaginei
Onde estou agora não é muito diferente
Convivo com outras pessoas nem tanto divergentes
Tenho a sensação de melhor estada
Vivo na sociedade patense que da carmense parece bem convergente
Lembro-me daquele cobiçado grão, aquele café que emana na plantação
Nossa maior riqueza, pilar e fonte de renda da maioria pobreza
Meio de vida, embora, da minoria nobreza
Falta de ti, ó pequeno grão, avalizador da esdrúxula realeza e do império Leitão
Da plantação ao barracão, ainda soam os sinos daquele antigo talhão
De cada tanto, cada um pega o seu quinhão e colocam lá naquele velho e rico porão
Daquela casa, chamada associação, onde tendem a nos roubar cada suado tostão
O dono da terra não é certamente o larápio, foi ele quem construiu seu império relicário
O capitalista deixarei de lado, afinal de contas ele também já foi operário
Suou muito e surpreso fico quando patrocina o larápio
Aquele que mora naquele quadrado, chamado de chefe do subalterno proletário
Capitalista ou larápio, pouco importa, o que vale mesmo é o domínio mercenário
Gente humilde e de mente meio confusa
Desmamam bezerros, mas engordam as carapuças
Máscaras de uma máquina carnavalesca prometedora de sedas
Épicas utopias de um povo credor de que um dia secaram as malditas tetas
Fico triste agora, quando me lembro do lutador trabalhador chamado peão
Será que sua honestidade compensa no meio de tanta ostentação?
Sei que seu trabalho valora, a cada dia, pois dele sai o sustendo dos meninos e da senhora
Só não engulo ele ser chamado de fétido e os ladrões receberem medalhas de honra ao mérito
Méritos todos possuem, não com a mesma valia
Uns os tem na surdina, outras na cantarola vazia
Quem tem mesmo o valor? Aquele que sua ou o que soa?
Só sei que tenho visto aplaudidos apenas os que estão de boa
Não vou mais me delongar, sua mente já se cansa de tanto me escutar
Sei que não sou culto, muito menos possuo pudor
Só manifesto aqui a repercussão de uma grande dor
Um dia hei de voltar, não sei se para ficar, porém prometo nunca mais brigar
Agradeço a todos que me ouviram de coração, a eles farei minha diária oração
Um dia contribuirei com essa terra; e, se Deus me permitir, conseguirei subir essa serra
Carmo, a ti agradeço por tudo que sou, afinal ainda sei retribuir nossas mães
Com lágrimas no rosto, quem vos falou foi o já esquecido Alan Guimarães...