Carmo do Paranaíba – Menino perde dentes em queda de bicicleta e recebe atendimento exemplar do SUS
O carinho e a atenção ultrapassaram qualquer protocolo

O Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil é reconhecido
mundialmente por sua proposta de acesso universal e gratuito à saúde. Mas,
muitas vezes, criticado e subestimado — até o momento em que alguém precisa
dele. É nesse instante que sua verdadeira importância se revela.
Em Carmo do Paranaíba, esse sistema ganhou ainda mais
valor para a moradora Elizainy Gomes da Silva, mãe de dois filhos,
ao viver uma experiência que jamais esquecerá. Na tarde da última terça-feira,
(8), o filho mais novo, José Pedro, sofreu um grave acidente de
bicicleta a caminho da escola. A queda arrancou completamente os dentes
incisivos superiores do menino. Em pânico, o irmão mais velho o levou até a
escola em busca de ajuda.
Ali começava uma verdadeira corrente de cuidado e
solidariedade. A professora Rosimeire, ao perceber a gravidade da
situação, não pensou duas vezes: colocou os meninos em seu carro, recolheu os
dentes embrulhados em papel higiênico e correu até a casa de Elizainy. Juntos,
seguiram para a UPA municipal, onde José Pedro foi prontamente
atendido pela médica pediatra de plantão, que imediatamente acionou o
atendimento de urgência no Centro Odontológico.
No local, a cirurgiã-dentista Dra. Marcela
Resende realizou o reimplante dentário usando, inclusive, materiais do
próprio consultório, já que naquele momento a unidade não dispunha do insumo
necessário. O atendimento foi feito no PSF do Rosário. Enquanto
isso, o filho mais velho de Elizainy sofreu uma queda brusca de pressão devido
ao estresse do momento e também foi socorrido pelas profissionais da unidade.
A mobilização comoveu ainda mais quando a diretora da
escola, Tia Lili, deixou uma reunião na Secretaria de Educação ao
saber do ocorrido: “Sinto muito, mas preciso ir. Um dos meus alunos sofreu um
acidente”, disse antes de se juntar à família no PSF.
Após o procedimento, os cuidados seguiram diariamente
com a Dra. Joyce, do PSF Santa Cruz, que passou a
acompanhar José Pedro, fazendo limpezas e aplicações de laser para prevenir
infecções e acelerar a cicatrização.
O carinho e a atenção ultrapassaram qualquer
protocolo. Até a enfermeira Andreza, comovida com a situação,
ofereceu sua própria blusa para José, já que a dele estava toda suja de sangue.
“Depois de tudo, só consegui pensar no
quanto isso custaria se fosse em um atendimento particular. Mas mais do que
isso, pensei no valor de cada gesto, de cada palavra. Recebemos cuidado,
empatia e amor de pessoas que não tinham obrigação de nos dar nada além de um
atendimento técnico. E, ainda assim, nos deram tudo.”,
disse a mãe.
Este episódio é um testemunho vivo de que o SUS,
quando bem gerido e exercido com empatia, se transforma em algo maior: um braço
estendido, um abraço em momento de dor, um símbolo de humanidade.
“Agradeço a Deus por ser do Carmo, por
termos o SUS, e por termos profissionais que nos tratam mais que como pacientes
— nos tratam como família. Que Deus abençoe cada um deles.”,
finaliza Elizainy, em nome de tantas outras vozes silenciosas que, todos os
dias, são acolhidas pelo SUS com respeito e afeto.
Por Fernando Alvim