Nove em cada dez mulheres enfrentam violência ao sair à noite, aponta relatório
Estudo revela altos índices de agressões, medo constante e mudanças de comportamento entre brasileiras
Um novo relatório do Instituto Patrícia Galvão, em
parceria com o Locomotiva e apoio da Uber, mostra que nove em cada dez
brasileiras já sofreram algum tipo de violência ao se deslocar à noite para
atividades de lazer, a maioria em situações de cunho sexual, como cantadas
inconvenientes, importunação e assédio. Em pelo menos 10% dos casos, o trajeto
resultou em estupro, índice que dobra entre mulheres LGBTQIA+.
A pesquisa evidencia que o medo é justificado: 72% já
receberam olhares insistentes e flertes indesejados, percentual que chega a 78%
entre mulheres de 18 a 34 anos. Mulheres pretas também aparecem como as mais
vitimadas em todos os tipos de violência relatados, incluindo agressões
físicas, estupros e racismo.
Além da violência sexual, 34% das entrevistadas
disseram ter sido vítimas de assalto, furto ou sequestro relâmpago. A
vulnerabilidade aumenta em deslocamentos a pé (73%) ou de ônibus (53%). A
segurança é o principal critério para escolher o meio de transporte (58%).
O cenário tem feito muitas desistirem do lazer
noturno: 63% já deixaram de sair por se sentirem inseguras, índice que sobe a
66% entre mulheres negras. Quase metade (42%) presenciou agressões contra
outras mulheres e pouco mais da metade das vítimas recebeu algum tipo de
acolhimento. Apenas 17% procuraram a polícia.
Para tentar reduzir riscos, a maioria recorre a
estratégias como avisar alguém do trajeto (91%), evitar locais escuros (89%) e
buscar companhia (89%). Muitas também adaptam roupas e acessórios para se
sentirem menos expostas.
O estudo ouviu 1,2 mil mulheres entre 18 e 59 anos,
com dados coletados em setembro deste ano.
Fonte: Agência Brasil/
