Rombo leva Correios a lançar Programa de Demissão Voluntária que pode desligar 15 mil empregados

Empresa tenta reverter prejuízos com corte de pessoal e reorganização interna

Notícias | Economia

07 Dezembro, 2025

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Rombo leva Correios a lançar Programa de Demissão Voluntária que pode desligar 15 mil empregados


A crise financeira dos Correios, que desde 2023 acumula um rombo de R$ 7,5 bilhões e registrou um prejuízo de R$ 2,6 bilhões somente em 2024, levou a empresa a desencadear uma das maiores reestruturações de sua história. Entre os fatores que contribuíram para o cenário negativo, a estatal aponta aumento de despesas, perda de competitividade, decisões judiciais desfavoráveis e problemas de gestão.

Como parte desse processo, a direção dos Correios prevê uma redução expressiva no quadro de pessoal. Um novo Programa de Demissão Voluntária (PDV) deve ser ofertado a setores e regiões classificados internamente como de “desempenho insatisfatório”. A expectativa é que até 15 mil empregados, aproximadamente 19% da força de trabalho atual, composta por cerca de 80 mil funcionários, adiram ao plano até 2027.

A reestruturação começou a ser detalhada entre outubro e novembro de 2025, quando o conselho aprovou medidas destinadas a recuperar a saúde financeira da empresa. O pacote prevê economia de até R$ 1,5 bilhão, análise da governança interna e reformulação da estrutura organizacional. Também está prevista a implementação de um novo Plano de Cargos e Salários até dezembro de 2026, além da revisão dos custos ligados ao plano de saúde dos empregados.

Paralelamente às mudanças no quadro de pessoal, a estatal trabalha em ações adicionais para reduzir despesas e reforçar o caixa. Entre elas está a venda de imóveis considerados ociosos, cuja manutenção representa custos elevados. A renegociação de contratos com grandes fornecedores também foi colocada em prática, com a intenção de obter condições mais favoráveis sem comprometer a segurança jurídica das operações.

Apesar dessas iniciativas, a empresa afirma que a recuperação no curto prazo depende de um aporte de até R$ 20 bilhões. A intenção era fechar a operação com um consórcio de bancos até o fim de novembro, mas o processo foi barrado pelo Tesouro Nacional. O órgão apontou que a proposta continha taxas de juros superiores ao limite permitido em transações garantidas pela União, impedindo o avanço do acordo que a estatal classificava como “essencial” para sua transição estrutural.

Com esse conjunto de medidas, que inclui desde cortes de pessoal até a revisão de processos internos e busca de liquidez, os Correios tentam reverter um quadro financeiro que se agravou nos últimos anos e assegurar a sustentabilidade da empresa até 2027.

Vanderlei Gontijo

vanderlei@patos1.com.br




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